Caros leitores,
estava lendo hoje o livro "ABC da Filatelia" de Caurat, J. (1990), quando me deparei com o capítulo XV dedicado assunto referido em epígrafe.
Uma vez que temos recebido inúmeros e mails de detentores de coleções que pretendem vende-las, vamos transcrever na integra o texto que consideramos estar bastante explicito e atual.
Comprar, Vender, Especular
"Gosta-se do selo por ele próprio, não pelo valor comercial que pode ter, já sabemos! Isso não impede que qualquer coleção, por modesta que seja, represente um investimento de que é normal esperar, mais dia menos dia, senão tirar lucro, pelo menos vender em condições razoáveis. Os que praticassem a filatelia como especuladores, deveriam considerar-se como mesquinhos amadores de selos. Mas não é menos exato que as cotações não são estabelecidas apenas para uso de comerciantes; e não existe qualquer filatelista, por desligado que esteja dos bens deste mundo, que deixe em certos momentos de considerar o capital que pode representar o álbum, que espera legar um dia aos seus legítimos herdeiros.
{Quanto vale a minha coleção, ou que o meu tio-avô me deixou? - Vale pouco, muito ou nada}, visto que a sua avaliação se estabelecerá segundo critérios que agora nos são familiares: tipo de coleção, qualidade dos selos, raridade, etc. Consultaremos, portanto um
catálogo e faremos o primeiro balanço, atendendo a:
1 - que as cotações são aproximadas, e indicam o preço corrente no comércio;
2 - que a multidão inumerável de selos de cotação baixa não tem praticamente qualquer valor de revenda;
3 - que, pelo contrário, os valores faciais elevados conservam melhor a sua cotação;
4 - que as raridades, em particular, serão objeto de perícia rigorosa por parte do eventual comprador.
Se formos o autor da coleção que pretendemos vender, teremos adquirido durante anos a experiência dos preços praticados. Saberemos que, como o comerciante reserva a sua margem de lucro, oferecer-nos-á - o que é perfeitamente normal - um preço que será , como é óbvio, inferior em trinta, quarenta ou cinquenta por cento à nossa avaliação pessoal. Não nos causará pois, pois, espanto que tal negociante não leve em consideração os pequenos valores correntes, as séries incompletas, e que só aceite, com todas as probabilidades , selos sem defeitos.
Podemos pedir a esse comerciante, admitindo sempre que a nossa coleção é valiosa, que a introduza em qualquer
venda pela melhor oferta, método mais demorado, mas com melhor rendimento.
Podemos igualmente procurar um amador nas nossas relações, e nos clubes filatélicos que frequentamos. Restará ainda o recurso oferecidos pelos leilões, onde com frequência se dispersam as coleções.
Suponhamos que põe à venda uma coleção de selos como a de certa jóia da família, ou de qualquer antiguidade. Não tenhamos ilusões à partida, se se tratar de uma coleção de criança, ou de uma coleção que se encontra em mau estado. Suponhamos ainda que se trata de uma coleção construída com ciência e com gosto, durante toda uma vida, e que além das alegrias que terá produzido, constitui um feliz investimento que permitiu a mais de um filatelista fazer a aquisição da pequena casa de campo com que sonhou, quando chegar a idade da reforma."