Caros leitores,
No passado dia 23 de Março, foi colocada em circulação uma série de selos dedicada à falcoaria. Aqui vos trazemos as imagens desta série de selos e respetivas especificações técnicas.
Segundo Carlos Crespo "O mais
antigo testemunho desta prática é um baixo-relevo encontrado nas ruínas de
Khorsabad, na antiga Mesopotâmia, datado do ano 1400 A.C. Do seu berço asiático
inicial, a falcoaria expandiu-se para Oriente com as invasões mongólicas e foi
introduzida na China, de onde chegam as primeiras notícias escritas sobre a sua
prática no século VII antes da era cristã.
Na
Península Ibérica, esta modalidade de caça praticou-se desde o século V, tendo
sido introduzida pelos Suevos e Visigodos e mais tarde aperfeiçoada com o
advento das Cruzadas e com o contacto com os povos árabes. Durante a Idade
Média, a falcoaria conheceu a sua «Idade de Ouro», transformando-se na
distração favorita dos senhores medievais e num privilégio da nobreza. As
cortes europeias tinham ao seu serviço falcoeiros profissionais que treinavam e
cuidavam destas aves de luxo. Os mais requintados segredos desta arte mantinham-se
por tradição oral e eram transmitidos de geração em geração. A necessidade de
sistematizar todos os conhecimentos relativos a esta disciplina de caça levou
os reis a encarregar os seus falcoeiros da redação de diversos tratados de
falcoaria, hoje considerados um género literário medieval, os quais guardam os
mais preciosos e genuínos aspetos desta arte.
Em
Portugal, a falcoaria floresceu desde a primeira dinastia, sendo considerada a
mais nobre de entre todas as modalidades de caça. Em 1568, D. Sebastião criou
um regimento próprio para o ofício de Falcoeiro-Mor, ou Caçador-Mor, cargo que
superintendia o funcionamento da falcoaria da casa real. Nas primeiras décadas
do século XVIII, a falcoaria de estado vive em Portugal um período de grande fausto
e sumptuosidade, rivalizando com o que de melhor havia na Europa da época. As
técnicas de adestramento das aves e a execução dos lances são levados ao mais
alto nível durante os reinados de D. José e D. Maria. O advento da Revolução
Francesa e a nova ordem estabelecida deixariam pouco espaço de manobra para a
subsistência da falcoaria, a qual recordava demasiado a Monarquia e os valores
de tempos passados. Os ventos da República, a mudança dos gostos e dos hábitos,
a vulgarização da caça com armas de fogo, bem como o advento da I Guerra
Mundial, acabaram por fazer cair no esquecimento esta modalidade de caça,
levando ao seu rápido declínio em toda a Europa. Hoje em dia assiste-se a um
crescente interesse pela falcoaria, atualmente considerada uma modalidade de
caça extraordinária e «ecológica». A falcoaria moderna está dotada de sólidas
bases técnicas e conhecimentos científicos. São atribuídos aos falcoeiros os
progressos verificados nas últimas décadas relativamente ao conhecimento das
aves de rapina e sua conservação. As espécies utilizadas neste desporto são
reproduzidas em cativeiro para esta finalidade e a sua detenção e comércio está
regulamentada por disposições nacionais e convenções internacionais. Em
Portugal, os praticantes da modalidade estão representados pela Associação
Portuguesa de Falcoaria. A nível supranacional, a I.A.F. (International
Association for Falconry and Conservation of Birds of Prey) reúne mais de cinco
dezenas de associações nacionais de diferentes países do mundo. Em 2010, a UNESCO
reconheceu a riqueza do legado histórico e artístico da falcoaria, procedendo
ao registo da atividade na lista do Património Imaterial da Humanidade."
Dados
Técnicos:
Emissão: 2013 / 03 / 23
Carimbos de 1.º dia:
Selos:
N20g.
– 155 000
A20g.
– 110 000
E20g.
– 145 000
I20g.
– 115 000
Bloco:
Com um selo €1,50 – 54 500
Design
- Francisco Galamba
Créditos
Selos
N20g
Falcão-peregrino/Falco peregrinus, foto FG; em voo, foto Alamy/Fotobanco;
Caparão, foto FG;
A20g
Açor/Accipiter gentilis, foto FG; em voo, foto Alamy/Fotobanco; Bornal;
E20g
Gavião/Accipiter nisus, foto FG; em voo, foto Alamy/Fotobanco; Rol;
I20g
Águia-real/Aquila chrysaetos,foto Bruno Alves; em voo Alamy/Fotobanco; Luva de
falcoaria.
Bloco
Casa
Real, liv. 7599, Arquivo Nacional – Torre do Tombo
Falcão
(ilustração), foto Larry Duke-
-Illustration
Works/VMI/Corbis
Selo
- Falcoaria Real de Salvaterra de Magos
Sobrescrito
de 1.º dia - Banco,
foto FG.
Bilhetes
- Postais
Falcão-peregrino/Falco
peregrinus, foto Alamy/Fotobanco;
Açor/Accipiter
gentilis, foto Alamy/Fotobanco;
Gavião/Accipiter
nisus, foto Alamy/Fotobanco;
Águia-real/Aquila
chrysaetos, foto Alamy/Fotobanco;
Capa
da Pagela: Caparão, foto FG
Papel:
FSC 110 g/m2
Formato
Selos:
30,6 x 40 mm
Bloco:
125 x 95 mm
Picotagem:
Cruz de Cristo 13x13
Impressão
– offset
Impressor:
INCM (Imprensa Nacional Casa da Moeda)
Folhas:
Com 50 exemplares
Bilhetes
Postais: 0,45€ cada
Sobrescritos
de 1.º dia
C5
– €0,75 (com bloco 2,60€)
C6
- €0,56 (com selos 3,36€)
Pagela €0,70 (com material filatélico 5,34€)